segunda-feira, 22 de junho de 2009

Entrevista - José Ribeiro

A entrevista que se segue é com José Ribeiro do SCCL.




Bip Bip - Quando e como aconteceu o interesse pelo Slotcar?

José Ribeiro (JR) - Há cerca de 1 ano atrás. Mas na realidade há bastante mais. O slot era, na minha infância, O brinquedo (com O grande). Lembro que era criança e ficava horas esquecidas de nariz pregado ao vidro do Biaggio Flora na Rua do Ouro a admirar aqueles carrinhos que andavam naquela pista permanente, cheia de cor e magia. . .

Desde ai, imaginas, foi sempre o pedido para o Pai Natal e de passagem de ano escolar.

E eis que finalmente esse dia chegou. Terminada a 4ª classe (há quanto tempo. . . .) e lá apareceu o meu pai, todo sorridente, com a pista Jouef em forma de 8 com um Lotus e um Brabham a reluzir. Nem dormi. . .

Guardo ainda hoje essa pista com um carinho sem limites. Pudesse eu ter também guardado o meu pai e o seu sorriso.

Mais tarde, recordo-me, juntava-me com um vizinho e, juntando as duas pistas (ele também era doido pelos carrinhos. . .) fazermos grandes maratonas de corridas que, invariavelmente, o meu Lotus verde ganhava.

Anos passados veio o Liceu (Pedro Nunes) e com ele o incontornável Jardim Cinema. Uma coisa diabólica, as baldas às aulas. . . Mas ali tudo era diferente. . .

Rodas de esponja cor de laranja, guias de patilhão basculantes, uns motores do outro mundo e umas carroçarias que mais pareciam uns pacotes de margarina vaqueiro virados ao contrario e uma velocidades estonteante. Era outro slot. Umas espreitadelas na pista junto ao CACO, umas idas à Parede ao Limo Verde e à Minabela na Amadora e pouco mais. Mas a magia cá ficou.

Acabado o liceu veio a faculdade, o trabalho, o casamento, o filho e o slot, pelo menos o meu, ficou religiosamente guardado na caixa da pista Jouef.

Há um ano atrás, em amena cavaqueira com um amigo, soube da existência de um clube de Slot. Ainda há disso? Perguntei. Aparece! Foi a resposta.

E lá fui eu ao SCCL ver o slot, 30 anos depois. Ambiente simpático, malta catita e dispostos a responder a 387.000 perguntas. E pronto, foi assim.

30 anos depois.


Bip Bip - Slotcar como coleccionismo ou competição?

JR - Como competição, sem duvida.

Tem motor? Então é para andar.



Bip Bip - Rally / raidslot ou velocidade?

JR - Velocidade e, paixão recente, o Raid.

A primeira vez que vi um Raid foi as 12 horas em Alhandra. Fui assistir, levado apenas pela curiosidade pois nem sabia o que iria encontrar.

Quando cheguei nem queria acreditar. A quantidade de farinha, os obstáculos , os saltos, as lombas. . . Jamais eu havia imaginado que um carro de slot pudesse passar por aquilo.

Gosto disto, pensei. Hei-de experimentar. E pronto, toca a comprar um slot para raid! T quantos? Ahhh T1, T2 e T3? O resto é fácil de adivinhar.

Entretanto, duas experiências de Raid em Madrid. Impressionantes, os 350 carros a concorrer. Gostei muito da excelente e numerosa comitiva Portuguesa.



Bip Bip - Momento mais marcante vivido no slotcar?

JR - Quando recebi a minha pista Jouef. Claro.

Vou destacar dois, apenas pelo oposto das sensações. Apesar de não fazer parte da equipa do SCCL fui em 2008 ver partes da prova de 24 horas ao Cartaxo e dar um abraço aos seus elementos. Pela organização da prova, pela dimensão, pela competição pela espectacularidade e pelo ambiente que lá se vivia senti que o slot tem futuro.

Pela negativa destacaria um péssimo momento de pistagem minha numa prova da Resistejo em que o carro me fugiu da mão e se estatelou no chão 3 metros atrás de mim. Levo bastante a serio a função de pistador. Tento estar concentrado, atento e fazer tudo o que esta ao meu alcance ajudar o piloto que se despista. Dessa vez não consegui e fiquei bastante desapontado comigo mesmo.


Bip Bip - Panorama actual e perspectivas para o futuro?

JR - Esta é a pergunta do milhão de dólares. Honestamente, a minha juventude no hobbie não me permite fazer uma abordagem suficientemente detalhada e com o conhecimento adequado. Não queria ser acusado de demasiado ligeiro ou leviano na apreciação que faço.

No entanto e enquanto observador razoavelmente distante posso ainda assim adiantar dois ou três aspectos que me parecem mais relevantes para o desenvolvimento e crescimento do hobbie.

Estrutura ou modelo organizativo

Penso faltar ao actual modelo de competições locais da responsabilidade dos respectivos clubes, uma estrutura de âmbito nacional, equidistante dos interesses particulares de cada clube e que possa trabalhar em cima de alguns pilares que a meu ver são básicos e do interesse geral, dos quais destacaria:

1 Os regulamentos

Penso que uma razoável harmonização dos diferentes regulamentos é fundamental para que o hobbie se possa desenvolver. A coexistência de um quase infindável numero de distintos regulamentos é claramente impeditiva de uma saudável rotatividade de pilotos entre as diferentes provas existentes

2 O plano desportivo

Eu espero, anseio e acredito ser possível a realização de um campeonato nacional de slot. Acho que é importante, é gerador de atenção, seria uma forma razoavelmente mediática de promoção do slot e poderia ser o catalisador de alguns interesse comerciais para o hobbie

3 Comissão técnica desportiva

O que se passa hoje do ponto de vista da avaliação técnica das competições e dos carros concorrentes é pouco menos que caricato. A verdade é que onde há uma competição, há uma classificação. Logo é imprescindível fazer cumprir o regulamento respectivo. Não faz qualquer sentido elaborar um regulamento para não ser cumprido e/ou que ninguém faz cumprir.

Estas são apenas algumas pequenas reflexões pessoais que apenas a mim me responsabilizam e que partilho com quem, com outra experiência e conhecimento possa desenvolver.

Muitas outras questões ficam por levantar mas essas deixo para quem, com outra propriedade, se possa pronunciar.


Nota: o conteúdo das respostas são da exclusiva responsabilidade dos entrevistados.

Sem comentários:

Enviar um comentário